Se você é uma pessoa que adora uma boa roda de conversa à beira da fogueira, ama passar horas sob sombra de uma arvore ou só de se imaginar em um fim de tarde à beira do lago dando aquela pescadinha já se sente como estivesse no paraíso, parabéns! Você é alguém que consegue se conectar com sua ancestralidade.

Durante milhares de anos a humanidade viveu de forma integrada com a natureza. Nascendo, crescendo e se desenvolvendo em meio ao mundo natural, sem grandes transformações engendradas por mãos humanas. Nessa época, o grande agente transformador do ambiente ainda era a própria natureza. Procurar abrigo à frente de uma fogueira era uma, de várias ações que fazíamos e que determinavam a nossa sobrevivência. A caça e a pesca também eram práticas obrigatórias para nossa alimentação. Já imaginou quanto tempo nossos antepassados viveram na dependência de uma chama para se protegerem do frio e dos predadores? E por quanto tempo a caça e a pesca foram peremptórias para sobrevivência de nossa espécie? Além disso, ficar sob a proteção do fogo eram um dos raros momentos em que nos sentíamos protegidos e amparados naquela época. O aconchegante calor da fogueira também era o ambiente onde as relações sociais se estreitavam, os alimentos eram partilhados e as histórias contadas. Mas o que isso tudo tem a ver com a gente, o homem moderno?
A ancestralidade que está sendo discutida aqui, não está no âmbito espiritual e está para além do físico. A ancestralidade em questão, é algo bem maior, algo biológico, “cravado” em nossos genes. Aquilo que “grita” dentro de nós e nos chama para nossas origens. Atender às demandas de nossa Ancestralidade não é uma futilidade, uma pseudo-necessidade ou algo que deveríamos ignorar. Atender à vontade do “outdoor” que parte da ligação genética com nossos antepassados é sim uma necessidade real, uma forma de terapia de bem estar, uma necessidade legítima de nosso organismo. Seja pescando, caçando (particularmente não é algo que eu gosto de fazer ou aprovo), coletando frutas direto das árvores ou até mesmo sentando-se à beira de uma fogueira, proseando com a família e amigos, estas, são ações geneticamente gravadas em nosso interior, é o que explica a incrível sensação de bem estar que tais atos nos remete. São exercícios que nos reequilibram emocionalmente e nos colocam em contato direto com nossas origens. A conexão com nossa ancestralidade é algo eficaz, que nos ajuda muito em nossa saúde física e mental. E atualmente, estar bem emocionalmente e fisicamente são condições mínimas para (sobre)vivermos como homens modernos, sobrecarregados de trabalho e compromissos. Então trate de colocar os pés descalços no chão e viva sua ancestralidade.
Ibrahim Martins Alves
Professor- farmacêutico, Mestre em Educação.
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